sexta-feira, 21 de setembro de 2007

How long would you wait for a love?

O filme "O nos tempos do cólera", do escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez chegará aos cinemas brasileiros no dia 23 de novembro. Abaixo um vídeo sobre a produção do filme:

domingo, 16 de setembro de 2007

Rimel e sombra

Dormi de rímel e acordei de sombra. Novidades? Nenhuma. Isso sempre acontece. A gente finge que supera. Engole um seco. Talvez nem tão seco assim. Melhor molhar a garganta com um pouco de bebida. A cabeça começa a girar, o coração acelera e o corpo fala uma língua estranha como se dissesse “desce daí, volta para cá menina”. Então, você nem teima em subir, desce correndo. Fica com um medo... Mas não supera. Guarda tudo para si. Isso sempre acontece. E fica no a gente finge que supera. Melhor não engolir seco. Respirar. Boa alternativa. Respira fundo. Molha o rosto. Conta até três. Passou? Melhor voltar ao trabalho... O trabalho engrandece o homem. Paga as contas no final do mês. Meia volta. Nada de dormir de rímel. A sombra demora muito a sair...

domingo, 19 de agosto de 2007

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sábado, 7 de julho de 2007

Comunicação Comunitária - Oficina de Leitura Crítica da Mídia

A oficina de Leitura crítica da mídia é um dos requisitos da Disciplina de Jornalismo Comunitário do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará - UFC. A oficina abaixo foi realizada na escola Antônio Sales, bairro Rodolpho Teófilo, pelos alunos Aurimar Monteiro e Carlos Adolfo e a aluna Isabelle Azevedo.

sábado, 19 de maio de 2007

O Quarteirão da Saúde

SERVIÇO de clínicas populares cresce em Fortaleza. Foto: Isabelle Azevedo

Por Aurimar Monteiro e Isabelle Azevedo

Pouco antes do sol nascer e encher Fortaleza de saúde, inúmeras pessoas começam a chegar à Rua Doutor João Moreira, no centro da cidade, em busca de atendimento médico barato. É ali, bem ao lado da Santa Casa, que está localizado o chamado "quarteirão da saúde", nome dado à meia dúzia de clínicas que funcionam a preços populares.

O serviço de consultas populares começou há seis anos, com a instalação da Clínica São Paulo, a maior e mais bem estruturada das clínicas. Depois, inúmeros outros consultórios médicos foram se estabelecendo no mesmo quarteirão, bem ao lado de uma grande variedade comercial como depósito de reciclagem, motéis, barbearia, pequenos bares e lojas de artesanato. A vizinhança parece conviver em harmonia. Mas, vez por outra, é possível ouvir as "meninas" que batem ponto próximo ao motel reclamar da pilha de gente que chega todos os dias aos estabelecimentos. "Esse pessoal das clínicas ficam (sic) tudo em cima da gente, aí na porta do motel, ficam tudo em cima das putas", reclama uma delas ao bicheiro de plantão, o "tio do Paratodos".

As clínicas funcionam em pequenos prédios onde as salas são divididas por paredes de madeira e cedidas a médicos autônomos pelo dono de cada consultório. O aparente improviso do ambiente não os desqualifica. O lugar é organizado e limpo. A única ressalva feita é ao calor insuportável que toma conta da recepção e é comum a todas elas. O apelo religioso é visível em cada estabelecimento médico. O paciente pode, por exemplo, procurar o "caminho da cura" junto a Santa Clara, pedir intercessão a Nossa Senhora das Graças ou simplesmente orar próximo aos inúmeros crucifixos expostos nas paredes das clínicas. Nem sempre é preciso agendar a consulta; caso ainda haja vagas para a especialidade desejada, basta chegar e pagar um valor que varia entre vinte e cinco e trinta reais, dependendo de cada lugar.

Os pacientes são oriundos dos mais diferentes bairros de Fortaleza. Há gente que vem do interior e até de outros estados. Muitos não chegam a procurar um posto de saúde. Outros procuram as clínicas populares insatisfeitos com o serviço público oferecido. "SUS é algo que colocaram na cabeça da gente", afirma Eli Ribeiro Domingues, paciente que pela segunda vez procura o serviço popular. Eli mora em Manaus onde, segundo ela, não existe médico. De férias em Fortaleza, ela aproveita o preço acessível para fazer exames com o marido. "No ano passado meu marido fez uma série de exames em uma clínica particular de Manaus e gastou R$ 1.200. Aqui, na clínica popular, ele gastou R$ 300", afirma comparando os preços com o atendimento privado.

SERVIÇO: Clínicas Populares. Rua Dr. João Moreira, próximo a Santa Casa. Preço: R$ 25 a R$ 30.


(Confira o texto na íntegra na segunda edição do Jornal Cidade em Pauta que deverá ser distrubido já na próxima semana)

Atendimento popular se espalha pelo Brasil

O sistema de clínicas populares avança como uma alternativa para a população de baixa renda que recusa esperar pelo atendimento do SUS e para a classe média sem condições de pagar as altas mensalidades propostas pelos planos de saúde.

O Ceará não foi o primeiro a oferecer o sistema popular. O estado de Pernambuco é pioneiro na abertura de consultórios populares. O serviço começou a ser oferecido em 1994 com a instalação da primeira clínica no bairro do Ibura, em Recife. Na época, o paciente pagava cinco reais pela consulta médica. A idéia deu tão certo que, em 2000, o modelo de consultas médicas populares já era comum em toda a região metropolitana.

Em Salvador, o modelo também faz parte de quem busca alternativa ao atendimento do SUS.Segundo o Jornal Tribuna da Bahia, nos últimos anos, as clínicas populares multiplicaram-se ao longo dos prédios da rua Chile e da avenida Sete de Setembro onde, outrora, estavam instaladas clinicas de médicos famosos que atendiam a classe nobre da sociedade baiana.

Para muitos especialistas, o modelo de clínicas populares é também uma alternativa para as clínicas médicas credenciadas pelo SUS que já não conseguiam se manter com os baixos valores repassados para o pagamento de médico e a compra de materiais necessários para a manutenção das clínicas.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Energia que vai para o lixo

Não é de hoje a comunidade internacional vem alertando para as mudanças que o clima sofreria se nada fosse feito para mudar a forma insustentável de exploração do planeta. Já em 92, quando ocorreu a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, os ecos de que a humanidade havia seguido o caminho da destruição eram audíveis em qualquer canto do planeta. Mesmo assim, a maioria dos poderosos preferiu ficar surdo. Com exceção de uma parte do empresariado, que viu no oba-oba do grande evento, uma forma de explorar a imagem do ambientalmente correto num boom que declinou quase que concomitantemente ao fim do evento ambiental.
Quinze anos depois, o aquecimento global debuta pelos espaços da sociedade e faz ressurgir o interesse do empresariado pela imagem do ambientalmente correto. Isso não é apenas bondade ou apreço empresarial pelo meio ambiente. Na verdade, o consumo sustentável dos produtos, a partir de conceitos como embalagem reciclável, produto orgânico ou empresa com responsabilidade sócio-ambiental vem atraindo cada vez mais consumidores, principalmente no mercado europeu.
Mas na hora de consumir, baseado em conceitos assim, todo cuidado é pouco. Nem todo produto está dentro dos padrões sócio-ambientais. Os empresários ainda fazem muita confusão na hora de definir o que é Meio Ambiente. Muitos ainda acham que apenas as plantas e os animais, por exemplo, fazem parte do meio ambiente. E homens e mulheres acabam esquecidos da grande teia da vida.

O programa ECOCoelce é um grande exemplo do esquecimento, talvez proposital, da inserção da humanidade no meio ambiente. Criado há poucos meses pela Companhia Energética do Ceará, COELCE, o programa ECOCoelce prevê a troca de material reciclável por descontos na conta de energia.
Até esse ponto, o programa é louvável, está promovendo a coleta seletiva e ajudando a preservar o planeta. Mas a insustentabilidade sócio-ambiental vem logo depois. A COELCE venderá o material entregue pela população para uma empresa privada, tirando o sustento de quase oito mil catadores que sobrevivem, há décadas, do recolhimento desse material em Fortaleza. Esse projeto poderá ainda estabelecer um conflito social entre o catador e os moradores que doam seu material à COELCE, além de fragilizar ainda mais o processo de reconhecimento social do catador.
O ECOCoelce deve ser considerado um retrocesso na luta pela inclusão do catador na sociedade. Uma luta que já conseguiu uma série de vitórias no âmbito nacional, como a assinatura do decreto presidencial que institui a adoção da coleta seletiva nos prédios públicos e a doação do material para as associações de catadores.
A sociedade precisa estar atenta a essas empresas que tentam lucrar com a responsabilidade ambiental sem ter nada de ambiental. Precisam fiscalizar ainda se as ações contemplam a questão ambiental ou se não geram conflitos sociais e ambientais. Senão, projetos como o ECOCoelce não irão ter serventia nenhuma, será uma energia que irá para o lixo.

Isabelle Azevedo


sábado, 17 de março de 2007


Margaridas Urbanas- Parte 2

Margaridas Urbanas

Um encontro com a história

A chuva não atrapalhou a comemoração do Dia Internacional da Mulher para as catadoras de materiais recicláveis da Ascajan – Associação dos catadores e catadoras do Jangurussu (antiga Cooselc). Cerca de vinte catadoras puderam conhecer um pouco da história do Ceará, através de um passeio pelos pontos turísticos de Fortaleza, promovido pela Emlurb, Fundação Banco do Brasil e a Pastoral do Povo de Rua, parceiros da associação no Projeto de Coleta Seletiva Jangurussu-Reciclando Vidas.

Antes de visitar lugares que só conheciam através dos passeios com as “carrocinhas”, isso quando não estavam “catando” nos lixões, as margaridas urbanas marcharam para o saber. As catadoras tiveram a oportunidade de conhecer o Centro de Referência Francisca Clotilde que auxilia as mulheres no enfrentamento à violência. Em uma palestra de quase quarenta minutos, as mulheres da Ascajan aprenderam um pouco mais sobre a Lei Maria da Penha e de como o centro funciona.

Depois de aprenderem como combater uma realidade que muitas enfrentam dentro de casa, as catadoras partiram para a visita aos pontos turísticos de Fortaleza. A primeira parada foi no Museu do Ceará onde muitas se encantaram com o famoso Bode Ioiô. Posteriormente, o grupo conheceu o lugar na qual Bárbara de Alencar ficou presa. O dia terminou com um grande almoço às margens da Lagoa da Parangaba.


domingo, 11 de março de 2007

O amor e suas formas


"O coração tem mais quartos que uma pensão de putas!"
Florentino Ariza em O Amor nos Tempos do Cólera

Q
uando as obras literárias são boas, logo ganham vários fãs, são reeditadas inúmeras vezes, viram grandes adaptações cinematográficas (nem sempre tão boa quanto à obra original), são premiadas e tornam-se obras atemporais, admiradas e reverenciadas por várias gerações. Este parece ser o caminho que vem sendo trilhado pela obra “O amor nos tempos do cólera” (El amor em los tiempos del cólera), do autor colombiano Gabriel García Marquez.

Publicada em 1985, a obra de Gabo ganhará uma adaptação cinematográfica que deverá estrear agora em 2007. É uma grande homenagem a um dos melhores escritores do mundo e que foi agraciado há 25 anos com o Prêmio Nobel de Literatura.

Em “O amor nos tempos do cólera”, Gabo narra a estória de amor mais bonita do século XX: a paixão de Florentino Ariza por Fermina Daza. Durante a adolescência, os protagonistas chegam a trocar apaixonadas correspondências, até mesmo quando o pai de Fermina a envia ao interior, na esperança de que a distância pudesse impedir o amor entre eles.

Apesar dos esforços do pai, é Fermina quem resolve a situação. Ao encontrar-se pessoalmente com Florentino, as palavras encantadoras de outrora, presente nas cartas de amor, são substituídas pela valorização da beleza física. Florentino logo é tachado de feio e excêntrico. Surge, então, a figura bonita e jovial de Juvenal Urbino que se tornaria marido de Fermina, até o reencontro desta com Florentino, 50 anos depois.

Mas a estória não é tão simples quanto parece. Apesar de deixar um pouco de lado o realismo fantástico tão marcante em Cem Anos de Solidão, Gabo cria uma narrativa densa, mas ao mesmo tempo simples, para falar das várias formas de amar e da possibilidade de exercer, ao mesmo tempo, as formas do amor. A narrativa é enriquecida por inúmeras estórias agregadas ao enredo principal e por construções lingüísticas encantadoras. Os protagonistas vão ganhando uma complexidade maior à medida que envelhecem e é preciso despir-se de preconceitos para compreende-lhes as necessidades, as manias e as esquisitices.

Florentino Ariza é sem dúvida a personagem melhor construído por Gabo. Ele é a própria personificação do amor e se encarrega de nos apresentar com grande profundidade e sem pressa as nuances desse nobre sentimento. Do amor verdadeiro ao amor por prazer, parece não haver restrições para Florentino, o importante é amar, ainda que demore mais de 50 anos para ser verdadeiramente amado. Já Fermina Daza apresenta-se como uma mulher a frente de seu tempo, mas que vai ganhando certa passividade ao longo da estória à medida que vai se firmando como matriarca dos Urbinos. Talvez, uma crítica do autor ao casamento.

O título do livro também é interessante. Ao relacionar amor e cólera, o autor qualifica o sentimento como uma doença, capaz de deixar seqüelas ou mesmo fazer morrer uma vida inteira. Também aproxima esse sentimento a outro bem antagônico: a raiva ou o ódio. É esse antagonismo que marca, por exemplo, o relacionamento de Urbino e Fermina.

Nesses tempos onde a dúvida acerca dos valores amorosos predomina, O amor nos tempos do cólera é uma ótima leitura para quem busca descobrir a verdade sobre a vida, conhecer a essência do amor, e a aceitar o amor seja qual for a sua forma.

Serviço: O Amor nos tempos do cólera, Gabriel García Marquéz. Editora Record,1985, 439 páginas.

Isabelle Azevedo

quarta-feira, 7 de março de 2007

O bicho homem

O ser humano é, talvez, a pior das espécies de bicho. Destrói o ambiente em que vive, destrói a si mesmo e aos outros.Diferente dos outros animais, é capaz de matar sem ser por instinto. Mata sem culpa. E ainda livra-se da vítima em uma lixeira qualquer.

Hoje, uma criança de seis meses foi encontrada morta no antigo lixão do Jangurussu. Foi achada por catadores das esteiras. Estava com o corpo estraçalhado. Tinha apenas seis meses de idade. Em tão pouco tempo conheceu a brutalidades da espécie humana.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

As águas do São Francisco

Será que a transposição do São Fransciso vai dar de beber aos sertanejos??? Tenho minhas dúvidas...

06.02.07 - BRASIL
A Morte da Menina Sem-água

Roberto Malvezzi, Gogó *

Adital - A menina era sem-terra. Na luta sua família conseguiu terra e agora está assentada na região de Petrolina, próxima ao rio São Francisco e aos perímetros irrigados. Mas a menina continuava sem-água, porque não há serviço de água nas casas dos assentados sequer para beber, quanto mais para plantar.

Então e menina foi buscar água no canal de irrigação que supre os lotes irrigados. Era um roubo de água, porque é proibido qualquer retirada de água, mesmo que seja para matar a sede. Mas o canal tem as bordas inclinadas, cimentadas e lisas. A menina escorregou e caiu no canal. Morreu afogada.

Os participantes do assentamento fecharam a estrada que liga Petrolina a Casa Nova para protestar contra a morte da menina, mas também para dizer que continuam sem água. Muita gente estava chegando para o micareta de Juazeiro (carnaval antecipado) para ver Ivete Sangalo e Margareth Menezes. Tiveram que saber que uma menina sem água tinha morrido afogada.

No dia 9 de fevereiro dizem que o presidente da república irá a Cabrobó inaugurar a tomada de água do projeto de transposição. Talvez ele pudesse visitar todos os túmulos, de todas as meninas e meninos que têm morrido de sede em todo Nordeste, mesmo ao lado do rio São Francisco e dos perímetros irrigados. Porque água para irrigação tem, mas para a menina matar a sede, não. Esse será o destino das águas a serem transpostas.


* Agente Pastoral da Comissão Pastoral da Terra (CPT)

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=26265

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

O futuro da humanidade


Existem verdades que precisam ser ditas, ainda que sejam verdades inconvenientes. E devem ser ditas, principalmente, se tiverem a capacidade de evitar o desaparecimento total de uma comunidade de vida, alertando bilhões de pessoas sobre os problemas do futuro.

É nessa perspectiva que Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos, apresenta o documentário Uma Verdade Incoveniente, dirigido por Davis Guggnheim que já dirigiu o seriado 24 horas.

O documentário mostra verdades preocupantes sobre os efeitos do aquecimento global no mundo. A situação é desesperadora: secas devastadoras, aumento da intensidade dos tufões, aumento dos níveis dos oceanos, extinção de espécies, desequilíbrio hídrico, entre outros efeitos que são esperados para as próximas décadas.

Através de gráficos nunca antes vistos fora da comunidade acadêmica, Al Gore mostra, com um grande didatismo, como a ação humana está fazendo aumentar as temperaturas do planeta. É também através dos gráficos que o ex-candidato à presidência americana em 2000 compara a emissão de gases-estufa, com o aumento das temperaturas no mundo cujos maiores índices foram registrados nos últimos quinze anos.

Al Gore retrata um futuro bem diferente do que se costuma ver em filmes como os de Steven Spielberg, onde o mundo é dominado por confortos tecnológicos. O futuro apresentado por Al Gore é sombrio. O aquecimento global, segundo dados apresentados por cientistas, produzirá uma geração de refugiados sócio-ambientais, principalmente das populações que vivem em comunidades costeiras. Doenças, antes erradicadas, devem provocar novas epidemias e outros vírus, muito mais poderosos, podem surgir. A fome, a falta de água e a miséria deverão se intensificar nas próximas décadas se medidas drásticas não forem tomadas a partir do próximo segundo para reduzir as emissões de gases.

O documentário é eivado de patriotismo tipicamente estadunidense. Al Gore conclama aos conterrâneos a liderarem mais uma guerra, mas, dessa vez, é uma guerra pela sobrevivência do mundo. Tanto patriotismo não é para menos. Os Estados Unidos são um dos maiores poluidores do mundo e o país recusou a assinar o Protocolo de Kyoto, documento que estabelece metas para a redução das emissões de gases até 2012.

A verdade inconveniente de Al Gore certamente deverá ser ouvida pelas nações, já que o futuro da economia, o que realmente parece importar a humanidade, também está em jogo e deverá custar caro aos países ricos.

Serviço: Uma Verdade Inconveniente ( An Inconvenient Truth), EUA,2006, 100 min. Dirigido por Davis Guggenheim, estrelando Al Gore. Classificação 12 anos.

Que fazer alguma coisa para reduzir o Aquecimento Global? Seja um Consumidor Consciente.

Acesse o Instituto Terrazul: http://www.terrazul.m2014.net

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

E lá se foi o frade-anjinho...


Por Isabelle Azevedo

Quando começamos a lidar com o fazer jornalístico, sempre nos deparamos com a possibilidade de escrevermos grandes textos a partir de situações presenciadas no nosso dia-dia, ou apenas conversando com pessoas que poderiam render um bom personagem para alguma reportagem.

Apesar do pouco contato com o mundo maravilhoso do jornalismo, começo a ver notícias, reportagens, artigos, crônicas, resenhas em tudo quanto é lugar. Principalmente depois de cursar a disciplina de um certo “fenômeno”. Não sei se todos os estudantes de jornalismo ou os jornalistas assim percebem. Eu percebo assim. E o melhor lugar para se ter essas alucinações/percepções é, sem dúvida, nos transportes coletivos, onde se é possível achar grandes personagens.

Já perdi as contas de quantas vezes presenciei cenas engraçadas em ônibus, figuras malucas (como um carinha que reproduziu toda a defesa de monografia na “topic”), conversas quase monossilábicas que duraram a viagem inteira (tu é foda mah!) ou os não-raros vendedores de guloseimas e suas intermináveis cantorias sobre as dificuldades da vida urbana. Todos com alguma história para contar. Todos prontos para se tornarem mote de algum texto jornalístico pelas mãos desta estudante-cronista, que quase nunca acha tempo para escrever.

De todas as situações já vividas, nenhuma me chamou tanta atenção quanto a que se passou na última segunda-feira. Quando a inépcia/inexperiência me fez perder o que poderia ter sido uma grande reportagem.

Na parada do ônibus, fui abordada por um jovem alto, de face rosada, de olhos tão azuis... Mais parecia um anjo. Era quase isso. Vestia roupas de frade (Ah, se não fosse um religioso...), um chinelo de couro e trazia um rosário e uma medalha junto a cintura. Queria se informar como fazia para ir da Avenida Jovita Feitosa ao terminal da Lagoa. Ele estava perdido. Não sabia andar de ônibus por Fortaleza. Aliás, nunca tinha andado de ônibus. O frade-anjinho falava carregado, com um sotaque que mais lembrava os sotaques italianos das novelas globais.

Uma senhora, que também aguardava o transporte, tratou de fazer as honras como repórter. “Eu pergunto, mas não é por curiosidade”, alegou a velhinha depois. E ele, meio tímido, revelou ser um cearense que vivia em um mosteiro em Quixadá. Os “irmãos” falavam apenas italiano entre si, daí o porquê do sotaque. Também havia morado muito tempo na Europa.

A mulher continuou sua “exclusiva” com o pobre rapaz. Logo ela quis saber em que ano de Teologia o frade-anjinho estava. A resposta dele foi surpreendente: “Não faço Teologia. Estudo Arte Bizantina. Sou especialista nesse tipo de arte”. Pronto. A luz do índice “isso daria uma boa reportagem” soou em minha cabeça. Um cearense que estuda Arte Bizantina? Isso é tão raro quanto ornitorrincos encantados que voam com as orelhas.

A senhora começou a insistir em perguntas mais íntimas, sobre a vida religiosa, deixando o meu personagem mais tímido ainda. Mas o que não saia mesmo da minha cabeça era a Arte Bizantina. Já podia me ver entrevistando o “irmão”. Escrevendo ainda sobre essa arte, datada do século três depois de Cristo e feita pelos primeiros cristãos ortodoxos, como ele me explicou já na “topic”, quando, enfim, eu parecia iniciar a minha “exclusiva”.

Parecia. Logo fiquei tímida, quando o frade-anjinho comentou comigo como as pessoas gostavam de fazer perguntas indelicadas sobre a vida dos religiosos. Uma alusão a uma certa senhora. Mesmo assim, arrisquei-me a perguntar sobre o seu trabalho. Afinal de contas, era mesmo o que me interessava. Contou-me ainda que, além de estudar, produzia Arte Bizantina. Quase delirei ao saber que estava diante de um artista ou - quem sabe?- de um grande artista. Disse-me que era um mercado caro. Vendia poucas obras. Não aceitou meu argumento de isso se dever ao fato de a arte bizantina não existir no nosso país. Informou-me que existiam duas escolas no Brasil. Ambas no Sudeste. Ele havia freqüentado uma delas e depois pôde se especializar na Europa.

A aula sobre a arte bizantina chegou ao fim rapidamente. Ele precisava descer. Indiquei-lhe a parada na qual deveria descer e o orientei sobre qual ônibus tomar para ir ao terminal da Lagoa. Ele parecia haver entendido tudo. A única dúvida mesmo foi saber por onde deveria sair da “topic”. “Você desce por onde entrou. É só girar a catraca ao contrário”, respondi rindo da pergunta ingênua. Logo se via que ele nunca andara de transporte alternativo.

Fiquei com a sensação de que a viagem havia sido muito curta (culpa da pressa do motorista). Não perguntei tudo o que queria saber sobre Arte Bizantina. Nem se quer cheguei a perguntar o nome do meu personagem.

Pela janela, fiquei vendo o frade-anjinho sumir. Lamentava-me por deixar ir embora o personagem da minha reportagem, sem ao menos pedir-lhe algum contato. Ou melhor, vi minha reportagem ir embora. Paciência. Aprendi uma lição. Meu consolo é dedicar-lhe esta crônica.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Mémorias Mutiladas

Por um lado, Quixeramobim parece continuar a mesma. A antiga estação ainda permanece intacta, como se ainda esperasse os trens que faziam a alegria da cidade. Na Igreja Matriz, Santo Antônio continua a atender aos pedidos das moças casamenteiras e dos romeiros. A casa do beato Antônio Conselheiro também continua preservada, mas já não recebe visitantes.

O sol escaldante e o calor infernal do sertão continuam iguaizinhos. Assim como os sermões do padre ora atacando os homens casados que se atrevem a provar de outras carnes lá pelos lados do Cupim (distrito local), ora atacando as novelas da Globo, que ele jura por Deus não assistir. Tudo parece como sempre.

Apenas parece. Se andarmos pelo município, logo percebemos que muita coisa mudou. Quixeramobim já não é mais a mesma. Pelo menos, não a mesma da minha infância, quando os inúmeros terrenos baldios tornavam-se campos de futebol ou lugares para jogar o bom e velho cemitério. Mas já não há espaços vazios pelo lugar. A cidade cresceu, impulsionada, sobretudo, pela economia. O motivo já não é o algodão. O ouro branco do século passado deu lugar a um promissor pólo calçadista.

Junto com a expansão econômica vieram os prédios de mais de dois andares, a abertura de faculdades, os hipermercantis, os hotéis de luxo, a adoção de semáforos e, por último, os “Shoppings” (isso mesmo, no plural. Existe mais de um). Tudo mudou. Até os ventos vindos do Rio Banabuiú já não refrescam mais as noites quixeramobinenses (culpa do aquecimento global?).

Pouco a pouco a cidade vai ganhando uma outra forma. O cheiro de novo vai desfazendo-se das lembranças da gente daquele lugar. E, assim, os prédios históricos vão sendo alterados sem dó nem piedade da memória histórica que guardam. Tudo para preparar a cidade para o “progresso” econômico.

O prédio conhecido como “casarão do José Felício” é um exemplo do descaso. Quase veio abaixo para dar lugar à expansão de um dos hipermercantis quixeramobinense. O processo de tombamento do prédio já se havia iniciado, quando a noite do sertão presenciou as primeiras violências à antiga Casa Grande do período colonial. A população ficou estarrecida com o crime. Mas ninguém viu nada, afinal à noite todos os gatos são pardos, principalmente se eles forem de famílias importantes. Graças à repercussão midiática, os crimes cessaram. Por pouco o casarão não foi transformado em “mega-hiper-supermercado”.

A casa colonial é o exemplo mais visível dos atentados ao patrimônio histórico-cultural da cidade. O antigo e o novo estão em constante desarmonia em Quixeramobim. A antiga praça da prefeitura, por exemplo, ganhou um “design” mais arrojado, ideal para showmícios. De antigo mesmo só sobrou a Imagem de Nossa Senhora do Rosário que os fiéis não deixaram retirar. Mas a santinha quase passa despercebida frente à opulência arquitetônica do monumento erguido para lembrar Quixeramobim como centro geográfico do Ceará.

Nem a Igreja Matriz, datada do século XVIII, escapou do novo. O antigo piso foi trocado por um granizo tão brilhante que refletiria o céu se a igreja não possuísse telhado. Enquanto isso, os santos, alguns com a mesma idade do prédio sagrado, ficam à mercê do tempo e dos cupins. A Igreja diz não ter dinheiro para restaurá-los, mas para comprar carros e sítios todo santo ajuda.

Quixeramobim vai perdendo aos poucos sua memória patrimonial. Tudo por conta da pressa de crescer. O município perdeu muito espaço político e econômico para as cidades que nos séculos anteriores não passavam de meros distritos. Hoje, vai tentando recuperar o desenvolvimento que a história não lhe concedeu e faz isso mutilando a própria história. Infelizmente, o tempo que rege o progresso em Quixeramobim é o presente. A cidade não se importa com o passado, tão pouco com o futuro. E o passado certamente não será presenciado pelas gerações futuras.