domingo, 4 de novembro de 2018

Encontros passados futuros



Sempre me imaginei nas situações em que te encontraria passados longos cinco anos. Imaginava te encontrar em algum congresso, nos corredores da universidade, no café mais badalado da cidade, em uma livraria ou qualquer outra circunstância que arrotasse sua arrogância travestida de fineza.


Por ironia, quis o destino que fosse a praia o lugar escolhido para aquele encontro, embora eu tenha fingido que não te vi e você apenas retribuiu o gesto, ignorando-me por completo.

Lembrei-me daquele dia em que você me disse que ficar comigo representaria uma vida medíocre. Aí está a ironia: de repente, estávamos os dois medíocres sob o mesmo sol, pisando a mesma areia, olhando o mesmo horizonte, sentados na mesma barraca de praia que oferecia aos seus clientes mesas e cadeiras de plástico. Condições iguais. Nem mais ou menos.

Não tenho dúvidas de que é a praia o lugar mais democrático do mundo. E que é ali que, vez ou outra, os medíocres (ou não) se encontram para compreenderem que o passado já não serve mais para uso. E que o futuro, este que dá nome a praia, é tão imenso quanto o mar que contemplamos separados.