quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Sobreavisos

Noite passada tive dois sonhos. Em um deles, meu desejo aflorava em uma doce ilusão. O segundo sonho, comandado pelo subconsciente, talvez, me fazia encarar a dura realidade dos fatos: não há amor, segue. 

Na vida real, antes de encontrá-lo, cortei o dedo. Não foi um corte profundo. Quis sangrar, mas não sangrou. Ficou apenas a dor martelando, alertando que estava ali.

Ainda na vida real, você me viu e primeiro fingiu que não viu. Insisti no olhar, porque sou dessas que se atrevem a ver até onde a falsidade chega. Quando me viu, fingiu uma cara de surpresa tão engraçada que eu quis desatar a rir. Mas permaneci ali, incólume, altiva, cumprimentando-o maduramente com um "tudo bem?". Seu "tudo bem" seguido de um "um na correria", me levou ao aspecto racional da cena. Na verdade, você quis dizer: "Estou bem. Muito ocupado, por favor não me procure mais".

Mas pela primeira vez eu não senti nada. Nada. Nem desejo, nem tesão, nem angústia, nem vontade de chorar. Te achei feio, desengonçado. Fui tomada por uma paz de espírito em perceber que não fui eu quem errei. Não fui eu a escrota. Não. Esse título não é meu. 

Ahhh... Liberdade talvez seja isso: cortar o dedo, sangrar ou não, martelar a dor, ver-se livre de quem um dia você já gostou. Obrigado aos sonhos e aos astros que têm sempre me avisado. Racionalidade é, sem dúvida, a palavra do mês.