sábado, 30 de dezembro de 2017

Feminismo

2017 foi ano em que o liberalismo se apropriou de vez o feminismo. Assim, se consolida a (falsa) ideia de que o mercado é capaz de dar liberdade para a mulher escolher explorar o seu  corpo e ganhar com isso. 

Como se o patriarcado e o capitalismo nos dessem a oportunidade de fazer escolhas. Que o diga o ano de 2016, em que golpearam a democracia e com ela vários dos nossos direitos.

No máximo, estamos tentando sobreviver à pobreza, à miséria, à violência, ao feminicídio, à cultura do estupro. Estamos lutando cotidianamente contra a mercantilização do nosso corpo, das nossas vidas, dos territórios. Ao avanço do conservadorismo sobre os nossos direitos.

Como escreveu Clarice Lispector: "Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome". 

sábado, 4 de novembro de 2017

Verdades e Mentiras

Quero aqui falar de ilusões e sobre criar expectativas. Desde que sofri a primeira grande decepção amorosa, daquelas que te fazem petrificar o coração, tenho me policiado sobre a possibilidade de criar expectativas. Afinal, o medo de sofrer te paralisa e te faz ficar atenta.

Entretanto, nos últimos tempos, tenha refletido muito sobre o limite entre "criar expectativas" (vindas de você) e "a expectativa que é criada pelo outro". Ou seja, qual a parte da minha culpa nisso?

Veja, uma coisa é você fantasiar o outro e desejá-lo como ele deveria ser. Outra coisa é como o outro se projeta, de forma que você acaba por comprar aquela ilusão dele, tomando-a como uma verdade.

Para ser mais nítida. Você conhece alguém  (ou acha que conhece). A forma como a pessoa age, fala, pensa te leva a crer que ali está um cara estudioso, trabalhador, arrimo de família. Se ele diz que está ajudando o pai a consertar o carro, a irmã com o trabalho ou a mãe a decorar a casa... Uau! Que cara família! Que admirável!

Mas aí o cara atencioso muda. Não te responde as mensagens. Lá no fundo você sabe que algo mudou. Insiste em saber o que é. Diz que se ele não quer continuar, que avise. Mas a resposta vem com um "não é nada".
A verdade vem e logo o cara família se torna um cafajeste,  como ele se autodenominou um dia.

Quem aí mentiu para si? Você que criou expectativa? Ou o outro que deu condições para que você tivesse essas expectativas?

Por mais que o outro diga "sou sincero", a verdade é algo socialmente construída. Você pode ir construindo as verdades, ainda que ali esteja a mentira. Parece confuso. E é.

O cara pode dizer que quer ter filhos porque gosta de crianças. Isso é uma verdade. Mas um dia você o vê maltratando crianças e se pergunta "qual a verdade sobre esse cara?".

Trago essas questões porque o patriarcado recai nas mulheres grande parte da culpa sobre o criar expectativas. Claro, não negamos aqui que a ideia de um amor romântico ajuda neste tipo de criação.

Mas surge a ideia de que falta  amor próprio as mulheres. "Caras assim só se aproximam de quem não tem amor próprio", diz um texto de autoajuda. Ainda que não tenhamos aceitado a mentira, sendo que ela foi empurrada para nós. Somos colocadas como culpadas, em uma situação em que somos vítimas.

Também o fenômeno da falta de responsabilidade afetiva (ou de empatia) ajuda a internalizar essa culpa do criar expectativas. Como? A medida em que entram em nossa vida, criam imagens sobre si que não são reais, somem e são incapazes de pedir desculpa, justificar as mentiras, deixando tudo em aberto sem o mínimo de diálogo. Não tem o mínimo de responsabilidade, destruindo a autoestima de muitas.

Em tempos de redes sociais que alimentam uma vida falseada (pessoas perfeitas, lindas e felizes em lugares lindos e perfeitos), em que notícias falsas constroem a destroem imagens, a mentira aparece como o novo balizador da vida. Naturalizamos e a aceitamos porque queremos fazer parte dessa ilusão da vida perfeita. Ao mesmo tempo, repactuamos com o machismo e o patriarcado, mantendo a relação de dominação-subordinação.

Terminaria o texto com alternativas para romper com isso, mas não há. Me parece que tem muito mais a ver com sorte do que com uma fórmula para fugir de gente assim. Talvez a única recomendação, seria a necessidade de exercitar a sinceridade

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Sobreavisos

Noite passada tive dois sonhos. Em um deles, meu desejo aflorava em uma doce ilusão. O segundo sonho, comandado pelo subconsciente, talvez, me fazia encarar a dura realidade dos fatos: não há amor, segue. 

Na vida real, antes de encontrá-lo, cortei o dedo. Não foi um corte profundo. Quis sangrar, mas não sangrou. Ficou apenas a dor martelando, alertando que estava ali.

Ainda na vida real, você me viu e primeiro fingiu que não viu. Insisti no olhar, porque sou dessas que se atrevem a ver até onde a falsidade chega. Quando me viu, fingiu uma cara de surpresa tão engraçada que eu quis desatar a rir. Mas permaneci ali, incólume, altiva, cumprimentando-o maduramente com um "tudo bem?". Seu "tudo bem" seguido de um "um na correria", me levou ao aspecto racional da cena. Na verdade, você quis dizer: "Estou bem. Muito ocupado, por favor não me procure mais".

Mas pela primeira vez eu não senti nada. Nada. Nem desejo, nem tesão, nem angústia, nem vontade de chorar. Te achei feio, desengonçado. Fui tomada por uma paz de espírito em perceber que não fui eu quem errei. Não fui eu a escrota. Não. Esse título não é meu. 

Ahhh... Liberdade talvez seja isso: cortar o dedo, sangrar ou não, martelar a dor, ver-se livre de quem um dia você já gostou. Obrigado aos sonhos e aos astros que têm sempre me avisado. Racionalidade é, sem dúvida, a palavra do mês. 



terça-feira, 29 de agosto de 2017

Lula no Ceará

Lula hoje está no Ceará. No meu Sertão Central, em Quixadá. Se meu avô fosse vivo, talvez ele quisesse ver o Lula de perto. Ou ficasse com o ouvido colado no rádio de pilha, ouvindo cada passagem do presidente e chorasse. Assim como chorou ao ver Lula subindo a rampa do planalto, na primeira posse do presidente. E depois na segunda. Porque Lula emociona mesmo.

Queria muito estar lá, mas fiz a opção de seguir lutando por um sonho. Vou ser uma das primeiras mulheres da minha família a ter um título (Porque certamente, depois de mim, muitas virão). E graças a um governo que entendeu que a prioridade era melhorar a vida do povo. E é com a força desse povo que vamos ter Lula de novo. 

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Não te rendas


Tem pouco mais de 15 dias que um grande amigo tentou tirar a própria vida. E se não fosse o meu vício de estar sempre online (e olha que eu já amaldiçoei tanto isso), não teria descoberto o plano quase perfeito de sua morte. Passei o dia pensando nele. Hoje é o dia que celebramos mais um ano em sua vida. E pensando na poesia de Mario Benedetti que transformei quase em oração-mantra: "Não te rendas, por favor, não cedas, Ainda que o frio queime, Ainda que o medo morda, Ainda que o sol se esconda, E o vento se cale, Ainda existe fogo na tua alma. Ainda existe vida nos teus sonhos". Depois pensando nos amigos e amigas que tem passado por tantas dificuldades (maldito Temer!). Confesso: não tenho sido uma boa amiga. Não consegui visitar a amiga que ganhou neném e que há tempos prometo ir conhecer. Não consegui visitar o amigo que perdeu a mãe tragicamente e ainda não tive como visitar esse meu amigo que aparece no início do texto. Fora as amigas a quem prometo aparecer para uma cerveja e nunca vou. Não posso usar o doutorado como desculpa. Às vezes falta tempo e dinheiro, sobra preguiça. Às vezes tenho convivido mais com meus demônios do que com os anjos... Mas permaneço aqui, querendo abraçar a todos e todas e os colocando no meu escudo de proteção. Por isso, não desistam de mim, porque eu ainda não desisti de vocês. Não estão sozinhos e eu os amo.

domingo, 6 de agosto de 2017

Sobre profundidade

Não te cansas mergulhar e apenas molhar os pés?

Não te cansas voar baixo sem que  consiga abrir as asas?

E ainda que voes alto, te vendam os olhos para que não sinta a beleza do vôo. Não te cansas?

Caminhante

Engole a paixão

Engole o choro

Engole a saudade

Apenas Segue

E segue

Outros dias virão

Outros virão

Virão

Porque és a que caminha

Enquanto o vento da liberdade

Te ilude e te engana

É possível ser livre sem se aprisionar?

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Um desses carinhas

Fico me perguntando se ele sente minha falta ou mesmo se ainda lembra de mim. Será que tem vontade de mandar mensagem e perguntar como as coisas estão?  Será que me procura nas redes sociais para saber se estou on-line? Assim como eu lembro dele?

Outro dia, vi que um desses carinha ainda lembrava de mim. Lá estava ele respondendo num post de uma menina. Dizia que havia  ficado com alguém (no caso eu) que fazia aniversário no mesmo dia que ele (me parece que ela também era da mesma data). Mas ao final da resposta, ele afirmava que ela não se preocupasse, porque só amava mesmo a fulana do post.

Respirei. Li aquilo mais uma vez e lancei o foda-se. Vou exclui-lo da minha vida. Nada de interação Facebookiana com ele.

Mais eis que um desses carinhas me enviou mensagem dizendo que estava na minha cidade, sugeria que queria me ver. 

Primeiro tomei aquilo como apenas uma mensagem de educação. Não sei o que aconteceu no passado, mas uma rusga se instalou entre nós (mesmo antes do episódio do post). Por mais que ele afirmasse sermos amigos, sempre o sentia diferente comigo, não me quis por perto quando sugeri irmos a uma festa de Carnaval juntos (e em turma). Aliás, mentiu dizendo que não ia e foi.

Uma amiga me convenceu do contrário. Era possível que ele quisesse mesmo esse encontro. Era paranóia minha essa ideia de ressentimento. Ele também tinha mandado mensagem pra ela, queria juntar a galera. Nem eu e nem ela estávamos na cidade e só chegaríamos no sábado.

Pois bem, quando cheguei no sábado, mandei uma mensagem bem despretensiosa para um desses carinhas. Já sabia que não daria em nada. Ele tinha compromisso naquele dia, mas enfatizou que fazia questão de me ver. Acho que como forma de compensar o fato de eu, numa dessas vezes, ter me deslocado 2 mil km só para encontrar com ele.

Insisto mais uma vez, afinal queria saber até onde iria a mentira. Ele me responde um dia e meio depois com um simples "Estou indo para Jeri com o pessoal". Hora de ligar o foda-se de novo. Visualizo e não respondo a mensagem. Embora quisesse perguntar a ele se eu tinha cara de idiota, porque minha amiga já tinha me dado toda a agenda dele. 

Bom, se for para ser lembrada como um desses carinhas lembra de mim, melhor mesmo é ser esquecida. Não sei vocês, mas ando tão cansada de gente mentirosa, mesquinha, vaidosa, sem um pingo de responsabilidade com outro. 

Fico pensando que esses caras querem que a gente corra atrás deles como se fossem a última coisa do mundo e ficam magoados quando não fazemos isso. Tô numa fase que se me diz "não", não faço o menor esforço para ficar, porque sei que outros virão e o ciclo se reinicia.

Caminhos incertos

Confesso que tem sido bem difícil fazer um doutorado em tempos tão sombrios, incertos e escassos. De repente, você escolhe um caminho e se prepara para ele, mas não tem mais certeza se quer seguir por ali, embora você goste do que faz. 


A questão é que você não iniciou esse caminho há dez minutos, mas há quase dez anos. Dez anos! Uma década dedicada a perseguir um objetivo. E com isso vem as crises de ansiedade, as frustações e uma enxurrada de artigos sobre como o país está formando um "exército de doutores" desempregados. 


As ciências humanas está em constante ataque. Querem determinar que o que se faz não é ciência, porque ciência mesmo é o que produz tecnologia, desenvolvimento, lucro e mais lucro. Pensar as relações sociais, pensar os efeitos comunicacionais, as subjetividades, etc, etc. Nada disso dá lucro. Ao contrário, a narrativa que se está construindo é de que cada vez mais se produz algo sem importância, que o país está perdendo com isso. 

É um discurso que esconde outro tipo de manobra perigosa: a de censura ao pensamento social, sob a falsa premissa de barrar uma doutrinação marxista-petista-esquerdista-gayzista. Enterram, assim, anos de tentativas epistemológicas e ontológicas de firmar os campos ligados a essa área. 

Dá uma tristeza em pensar que estamos regredindo. 

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Seria estranho se você não fosse embora...
Estranharia ainda se não mentisse...
Soaria falso se não fosse o escroto que é...
A carne que vos fala não precisa sentir
Porque aqui repousa apenas o teu desejo
Objetificado no meu corpo.
Mas a carne sente
E chora
E fica magoada
E se destrói
A descoberta do sentimento.
De um corpo que é vida e quer viver

quarta-feira, 17 de maio de 2017

O mundo que a gente não quer

Sempre que leio casos de violência contra as mulheres vou confirmando a teoria de que os homens não as amam. Não nesse modelo patriarcal. Somos vistas como objeto, de prazer ou de poder. Tanto faz. Amor, cuidado, empatia, afetividade. Não há. Em menor ou maior escala, a gente espera a hora que serão escrotos. 

Esses dias uma história de violência psicológica mexeu tanto comigo. Vi ali um pedaço da minha vida que nunca tive coragem de contar a ninguém. Chorei copiosamente até dormir, lembrando de um passado ainda tão presente e que ainda me persegue de uma maneira muito sutil. 


Tem frases que ainda não consigo esquecer: "Você ficou inteligente demais para mim" (Comprovando que disputava comigo um tipo de poder intelectual). Ou coisas como: "Você quer me dar o golpe da barriga" (Aqui lembro de quando praticamente me obrigou a comprar um teste de gravidez).


Sinto-me quase uma Jéssica Jones, a heroína da Netflix, fugindo daquele que ainda pode dominar de alguma forma seus pensamentos. 

A história que me ativou o gatilho emocional foi de uma jovem atriz que perdeu boa parte da vida sob a mira de uma violência psicológica travestida de relacionamento amoroso com seu ex-professor. Seis anos numa relação com um cara que não a assumia, com muitas mentiras e aquela tentativa básica de sempre insinuar que a moça entendia tudo errado, fazia confusão, era doida, etc.

As semelhanças: ex-professor, muito tempo entre indas e vindas (aqui foram 5 anos), não me assumia, mentiras, mentiras e aquela tentativa básica de sempre insinuar que a moça entendia tudo errado, fazia confusão, era doida. 

Até hoje não sei o que é verdade ou o que é mentira nas histórias que ele me contava. Num dia era bissexual e me contava histórias das transas com homens. No outro, era mentira. Tinha contado o fato só pra me excitar. Num dia, numa dessas separações, me diz que passou um ano sem transar com ninguém. Quinze dias depois, quando voltei de uma viagem da Bahia, me mandou mensagem dizendo  que tinha se apaixonado e estava namorando. Nunca me assumiu e de repente estava namorando! 

Quatro meses depois, voltou a falar comigo porque estava arrasado por ter perdido na seleção para uma bolsa sanduíche. Um mês depois, nos falando apenas por mensagem de celular, ele, que morava em outra cidade, me diz que vai tá numa data X. Quer me ver.  Tá com muitas saudades. 


Fico ansiosa. Aliás, a crise de ansiedade era uma parceira constante. Cancelo uma viagem para o Rio. Assim não tem desculpa para não vê-lo.  Na data combinada, recebo um e-mail. Não conseguiu passagem para vir. Dizia que o amigo, que ia conseguir uma passagem via sindicato, não teve sucesso. 


Desconfio. Ele nunca me mandava e-mails. Uma olhada rápida no Facebook vejo que o tal amigo está num bar com amigos meus que temos em comum. Alguém acabara de postar a foto.

Volto ao e-mail e respondo que sei que ele está na cidade. Xingo e ameaço. Covarde! Dez minutos depois admite que está na cidade, esqueceu o celular. Usa o do pai. Diz que passa na minha casa para conversarmos. Diz que ainda tá namorando e que a história de ter ficado com um cara outro dia, era mentira. Vamos a um motel. Pior transa da minha vida. Não consigo fuder. Só choro. Choro copiosamente. 

Ainda assim saímos bem. 

Mas dali a dois meses, dois dias depois do meu aniversário, quando cobro por whatsapp que ele esqueceu a data, recebo uma mensagem bem direta: "não somos amigos. A gente só lembra de quem somos amigos".

Morri ali. Minha autoestima também. Minha reação foi apenas dizer que o que ele fazia comigo era violência psicológica. E que tinha todas as provas contra ele (como ainda tenho) e que se ele chegasse perto de mim, destruiria ele e em especial a carreira dele (ou o micropoder que ele tanto preservava). Morria de medo de que prints do pinto dele fossem expostos, como se eu fosse capaz de algum tipo de porn revenge.

Desde então, são quatro anos sem nenhum tipo de contato, embora, vez por outra alguém tente abalar meu emocional enviando menções sobre o morto. Bloqueio total das redes e alerta para qualquer movimentação estranha.

Voltando ao vídeo da moça, ela fez o que eu gostaria de ter feito: processado por violência psicológica . Mas, na época, tive vergonha da família e dos amigos. Tava com a autoestima lá embaixo para enfrentar um processo tão duro e de tanta exposição. Me culpava de ter deixado me envolver emocionalmente. Me culpava por não ter ouvido minha mãe. Me culpava. 

Só com muito feminismo fui entender que a culpa não era minha. Eu era vítima daquilo tudo. Depois compreendi a forma debochada como ele falava sobre as ex ou porque nenhuma falava direito com ele ou simplesmente não falavam.

O texto não tem o intuito de escracho. De denúncia sim. Escracho não. Perdi o tempo dos fatos. Mas senti uma vontade enorme de escrever.

Como em Brilho Eterno de uma mente sem lembrança, apagaria cada traço dele em mim, com a condição de nunca encontrá-lo. E tenho evitado esse encontro. 

É uma cicatriz que nunca fecha e sempre dói a medida que alguém machuca. 

Mas como diz a canção, sou daquelas com "uma estranha mania de quem tem fé na vida". Por isso, seguimos em marcha, até que todas sejamos livre do machismo, do racismo e do patriarcado. Que a moça do vídeo tenha mais sorte do que eu!