sexta-feira, 25 de julho de 2008

Música da semana 4

Música que não tem saído da cabeça nos últimos dias...

Wave

Tom Jobim

Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho...


O resto é mar
É tudo que não sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar
Vem de mansinho à brisa e me diz
É impossível ser feliz sozinho...

Da primeira vez era a cidade
Da segunda o cais e a eternidade...
Agora eu já sei
Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender

Enquanto a noite vem nos envolver...


Vou te contar...

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Posso ajudar?

Já procurei em todas as partes onde está estampada em mim a frase "Posso ajudar?". Às vezes, tenha a impressão que ela está estampada discretamente em meu rosto, mas só eu não a vejo. Ou então, tenho uma cara de boazinha mesmo. Digo isso porque sempre me param em algum lugar para pedir algum tipo de informação. "Onde fica a rua X?". Ou ainda: "Onde encontro serviço tal?" Milhões de pessoas ao redor e eu sou a escolhida para sevir de ajuda. Não que eu não goste de ajudar. Mas é uma sensação de que há um certo exagero nisso.

Também devo fazer o estilo "desabafe aqui". Às vezes, do nada, pessoas que eu nunca vi puxam um assunto qualquer e acabam contando toda a vida delas. Presto atenção. Mesmo não sabendo como aconselhar, escuto a história. Gosto de ouvir histórias. Deixo que as contem. Talvez precisem desabafar com alguém.

Tenha a impressão que é pelo fato de eu estar sempre rindo de algo que só eu sei. Tenho o costume de rir sozinha. Vou pensando em situações que aconteceram ou que poderiam ter acontecido. Quando dou por mim, esboço um sorriso qualquer. E só me dou conta de que estou rindo, porque sempre recebo um sorriso de volta.
Vou rindo de das situações. Tenha a cabeça sempre nas nuvens, deixando a imaginação sempre me levar para outros lugares, planejando um futuro incerto. Esses dias então! Os pensamentos parecem estar mais longe e o riso mais fácil ainda. Culpa dos bons momentos.

A verdade é que o mundo anda carente de sorrisos, ajudas, gentilezas e de todo e qualquer bom sentimento. As pessoas acabam se apegando a qualquer fração esboçada desses sentimentos ou sorrisos... Ainda que os sorrisos não sejam para essas pessoas, mas para alguém real que habita meu imaginário. Falta tempo para ouvir os outros, conversar, dar um pouco de atenção. O tempo tornou-se uma moeda poderosa. Afinal, tempo é dinheiro.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

O vôo dos Arigós


Saúde e Alegria leva a caravana para navegar pelo Tapajós. Foto: Isabelle A.

Só quando ela surge ali, impávida, agigantada pela beleza e pelo esplendor, é que se dá conta de onde se está: Amazônia. Precisamente em Santarém, parte oeste do estado do Pará. Os jovens jornalistas nordestinos (Ceará, Piauí e Maranhão) que visitam a floresta pela primeira encantam-se com aquele pedaço que também faz parte do Brasil. É uma nova experiência. Culpa (ou desculpa) do Laboratório Ambiental para Estudantes de Jornalismo, promovido pela Fundação Konrad Adenauer e o Programa Saúde e Alegria (PSA). A proposta? Sair das redações para conhecer outra realidade e trazer uma reportagem pronta. Ah! Lembra até uma certa Realidade...

Mesmo os jornalistas mocorongos* ainda não conheciam tão bem o lugar em que moram. Vez por outra, dava pra ouvir o pensamento de um dizendo “muito prazer Tapajós”. O não-conhecer os lugares não é privilégio deles. A verdade é que pouco se conhece do próprio espaço.

E não é apenas a floresta que encanta. De um lado ao outro, um rio extenso de águas claras duela com outro rio de águas barrentas. Os guerreiros Tapajós e Amazonas passam dias e noite a duelar no espetáculo das águas. É uma batalha sem vencedores. Ou melhor, os vencedores são aqueles que param e fitam o olhar para admirar a beleza de tudo.

Talvez o espanto seja só coisa dos Arigós** que chegam a terras dominadas por tanta água e mato e começam a se assombrar com o tamanho de tudo. Falta de costume. De onde eles vêm os rios não passam de um filete de água que só escorre em época de chuva. Quando o inverno não é bom, o solo racha de tão seco que fica. Só um rio é capaz de permanecer cheio o tempo todo. Isso porque foi artificializado. Mas, comparado ao Tapajós, não passa de um filete de água canalizado. Isso porque de uma margem a outra, o Tapajós chega a ter 19 km de extensão.

É por isso que os Arigós arribaram pras bandas do Pará nas décadas passadas. Fugiam da seca e da miséria. Primeiro foram Foram em busca de água para beber e terra disponível para plantar. O problema é que a terra disponível, e a indisponível também, foi parar nas mãos de poucos (para variar). Os que querem mais terra para plantar soja vão abrindo clarões no meio da mata, destruindo grandes riquezas. E o desmatamento, é tão grande quanto à floresta. Vai assustando. É aí que se para pensar no futuro. Uau. Que futuro? Quando se volta de lá, Paroara***, a idéia de transformação se aguça. O futuro vira então uma inconstância e o presente é o dever da mudança.


*Mocorongos - Diz-se dos nascidos em Santarém.

** Arigós – Nome dado aos nordestinos que se instalaram no norte do País.

*** Paroara – Nome dado aos nordestinos que voltaram aos seus estados de origem.

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Participei de toda a aventura. Foram quatro dias de palestras e aventuras pelo Rio Tapajós. Experiência inesquecível. Pena que não se faz mais jornalismo assim: de mochila nas costas e caneta na mão. Outros tempos...