sábado, 27 de setembro de 2008

Nalgum Lugar

Ontem foi dia de música boa. Fortaleza recebeu a turnê do novo cd do Zeca Baleiro : O coração do homem bomba. Sou suspeita para falar. A-do-ro-o. Veio a Fortaleza exatamente dez anos depois da primeira vez em que pisou em terras alencarinas para apresentar a sua música junto com a Banda Bala, enchendo os ouvidos dos que assistiam sua cantoria no Teatro José de Alencar.

Zeca já não é mais o mesmo desde de quando lançou Por Onde andará Stephen Fry?. Virou pop. Mas ainda desperta emoções, principalmente ao relembrar as canções antigas. Talvez ele saiba disso. Cantou cinco músicas do seu primeiro CD. Homenageou Waldick Soriano e Fausto Nilo.Cantou algumas músicas do Liricas, seu segundo CD. Mas ficou faltando uma que eu gosto. E hoje tornei a ouvi-la repetidamente. Levando minhas impressões para Nalgum Lugar. A composição não é dele. Mas ele musicou-a lindamente. A-do-ro.

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Nalgum Lugar (OUÇA AQUI)

Zeca Baleiro

Composição: E. E. Cummings

Nalgum lugar em que eu nunca estive, alegremente além
De qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio:
No teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
Ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto
Teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
Embora eu tenha me fechado como dedos, nalgum lugar
Me abres sempre pétala por pétala como a primavera abre
(tocando sutilmente, misteriosamente) a sua primeira rosa (2x)
Ou se quiseres me ver fechado, eu e
Minha vida nos fecharemos belamente, de repente
Assim como o coração desta flor imagina
A neve cuidadosamente descendo em toda a parte;
Nada que eu possa perceber neste universo iguala
O poder de tua intensa fragilidade: cuja textura
Compele-me com a cor de seus continentes,
Restituindo a morte e o sempre cada vez que respira
(não sei dizer o que há em ti que fecha
E abre; só uma parte de mim compreende que a
Voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
Ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas

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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A noite se faz dia.

domingo, 21 de setembro de 2008

Trechos de uma carta inacabada IV

"Ainda há uma última pergunta que me é tormento. Está engasgada em minha garganta. Posso sentir o gosto dela na boca. Mas não ouso em proferi-la. Tenho medo de que a resposta seja imensamente dolorosa. A verdade é que talvez nunca mais ouse perguntar nada. Emudeça..."

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Direcionadas 7

"Teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
Embora eu tenha me fechado como dedos, nalgum lugar
Me abres sempre pétala por pétala como a primavera abre"

[Trecho do poema Nalgum Lugar de E.E.Cumings, traduzido por Augusto Campo e musicado por Zeca Baleiro]

Libidinagem

Tua mão desliza pelo meu corpo em bytes, percorrendo um emaranhado de fios até conectar-se com o meu desejo e revelar todo o pudor não revelado. Despudorados. Extrai-me o sumo do prazer até o êxtase em um movimento de mãos rápidas e ágeis. Libidinosos.

Curva-se então aos arroubos preconizados do desejo, às marcas de uma liberdade que teima em se falsear e a satisfação íntima de um corpo que não se revela. Não se permite (Sussuros). Não se permite. Não se permite vivenciar o lado lascivo da vida e os desejos reais que podem se tornar mais reais ainda. Bobo.

Psiu! Precisa confiar mais em si mesmo, superar os resquícios do machismo sistêmico que impera e impõe as vaidades, as formas e as regras. Toda regra há excessão. É possível se querer o conteúdo mais do que a embalagem. São elas que são descartadas na sociedade onde tudo é (mas não deveria ser ) descartado. Descarte somente os preconceitos. Abra os olhos. Não me encerre com o seu silêncio. Permita-se. O seu desejo pode ser o meu.

domingo, 7 de setembro de 2008

Cama


Minha cama vazia
Me denuncia
Estou sem amor

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Direcionadas 6

"Já que não me entendes, não me julgues. Não me tentes..." [Trecho da música 1º de julho, Legião Urbana]