Florentino Ariza em O Amor nos Tempos do Cólera
Quando as obras literárias são boas, logo ganham vários fãs, são reeditadas inúmeras vezes, viram grandes adaptações cinematográficas (nem sempre tão boa quanto à obra original), são premiadas e tornam-se obras atemporais, admiradas e reverenciadas por várias gerações. Este parece ser o caminho que vem sendo trilhado pela obra “O amor nos tempos do cólera” (El amor em los tiempos del cólera), do autor colombiano Gabriel García Marquez.
Publicada em 1985, a obra de Gabo ganhará uma adaptação cinematográfica que deverá estrear agora em 2007. É uma grande homenagem a um dos melhores escritores do mundo e que foi agraciado há 25 anos com o Prêmio Nobel de Literatura.
Mas a estória não é tão simples quanto parece. Apesar de deixar um pouco de lado o realismo fantástico tão marcante
Florentino Ariza é sem dúvida a personagem melhor construído por Gabo. Ele é a própria personificação do amor e se encarrega de nos apresentar com grande profundidade e sem pressa as nuances desse nobre sentimento. Do amor verdadeiro ao amor por prazer, parece não haver restrições para Florentino, o importante é amar, ainda que demore mais de 50 anos para ser verdadeiramente amado. Já Fermina Daza apresenta-se como uma mulher a frente de seu tempo, mas que vai ganhando certa passividade ao longo da estória à medida que vai se firmando como matriarca dos Urbinos. Talvez, uma crítica do autor ao casamento.
O título do livro também é interessante. Ao relacionar amor e cólera, o autor qualifica o sentimento como uma doença, capaz de deixar seqüelas ou mesmo fazer morrer uma vida inteira. Também aproxima esse sentimento a outro bem antagônico: a raiva ou o ódio. É esse antagonismo que marca, por exemplo, o relacionamento de Urbino e Fermina.
Nesses tempos onde a dúvida acerca dos valores amorosos predomina, O amor nos tempos do cólera é uma ótima leitura para quem busca descobrir a verdade sobre a vida, conhecer a essência do amor, e a aceitar o amor seja qual for a sua forma.
Serviço: O Amor nos tempos do cólera, Gabriel García Marquéz. Editora Record,1985, 439 páginas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário