sábado, 5 de janeiro de 2008

Pranto

Tudo se aquietara. Enfim, parara de chorar. Ainda doía a cabeça. Talvez, não mais do que a alma. Tinha que se conformar. Que coisa! Não era então uma mulher moderna? Não devia se importar com essa bobagem toda. Só percebera muito depois que aquilo fora uma forma gentil de dizer “não te quero, mas continuemos amigos”. Ora, seria sempre sua amiga. Mas não desejava só aquilo. Queria algo para além e infinito. O tal do amor. Tanta gentileza e a dor fora a mesma. Agora, precisava curar as feridas.

Tentava lembrar como começou tudo aquilo. As mensagens, as palavras de carinho, a cumplicidade desejada, as ânsias e os desejos por um encontro. Mas de que adiantava meu Deus. Tudo findara. O reino das ilusões estava sem rei. Tinha mesmo era que esquecer tudo. O esquecimento serviria, pelo menos, para diminuir as dores.

Certamente não iria adiantar. Não conseguia nem desistir daquilo. Ligara-se por uma estranha atração. Ou seria uma mandiga? Feitiço, encanto, bruxaria... Não importava o nome. Agora estava ali, com o coração fragmentado, tendo de se conter para não ligar ou mandar uma mísera mensagem. Não podia ser tão fraca, tão oferecida! Oferecida? Será que tinha se passado por isso? Se prestado a um papel desses?

No alto, a lua envaidecida admirava-se em algum espelho natural. A inveja tomara-lhe o corpo. Não entendia como poderia haver beleza em alguém com crateras que lhe deformava o corpo. Miopia dos amantes? Provavelmente. Idéia. Por que então não arranjar um míope? Proibir-lhe de usar óculos, lente, o que fosse. É isso. Tinha de ser essa a saída: impor a ditadura da cegueira. Ora. Pensamento bobo.

Droga! A cabeça ainda doía. Chorara a tarde toda para ganhar olhos inchados e a cabeça doída. Esperava pelo menos ter chorado tudo de uma vez. E mesmo que não tivesse, engoliria o choro e o soluço. Não tinha outro remédio. Além disso, o seu otimismo a faria recuperar o vigor da vida e sair por aí... Buscando o que buscar.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Balanço

Dois mil e sete voou. Foi-se para longe. E já estamos em dois mil e oito. Daqui a pouco é esse aí também quem vai embora. É só esperar o carnaval. Depois da festa, o ano realmente começa e passa num instante.

Não me queixo do ano que passou. Fui apresentada a mundos interessantes, tive a oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas, viver momentos únicos. Sim, Os Sertões, seja de quem ele for, ainda pulsa aqui dentro. Não tanto quanto outrora. Mas de vez em quando, bate uma vontade de reviver tudo aquilo... Ver a beleza e a força do Teatro Oficina. Uma oportunidade única. Isso tudo vai ficar na minha história (suspiro).

Dos amores nem falo muito. Não tenho sorte mesmo. Sou uma boba. Talvez eu seja mesmo uma versão feminina de Florentino Ariza. Talvez o amor sempre faça complôs contra mim. Enfim, quem vai saber? Como diria Antônio Conselheiro, o amor é grande e livre demais para ser julgado por nós pobres mortais (e de o novo remeto-me aos sertões). Seja como for, a gente aprende e ganha experiência. Aprende a não cometer erros, a aproveitar a vida e ser feliz sempre. Felicidade eterna. É o que buscamos.

Que venha 2008. O ano dos começos. E que os começos sejam também de recomeços. Então, recomecemos por atualizar esse humilde blog. E posso dizer que a cada dia as impressões sobre a vida e o mundo se avultam. É isso. Que 2008 seja feliz.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

How long would you wait for a love?

O filme "O nos tempos do cólera", do escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez chegará aos cinemas brasileiros no dia 23 de novembro. Abaixo um vídeo sobre a produção do filme:

domingo, 16 de setembro de 2007

Rimel e sombra

Dormi de rímel e acordei de sombra. Novidades? Nenhuma. Isso sempre acontece. A gente finge que supera. Engole um seco. Talvez nem tão seco assim. Melhor molhar a garganta com um pouco de bebida. A cabeça começa a girar, o coração acelera e o corpo fala uma língua estranha como se dissesse “desce daí, volta para cá menina”. Então, você nem teima em subir, desce correndo. Fica com um medo... Mas não supera. Guarda tudo para si. Isso sempre acontece. E fica no a gente finge que supera. Melhor não engolir seco. Respirar. Boa alternativa. Respira fundo. Molha o rosto. Conta até três. Passou? Melhor voltar ao trabalho... O trabalho engrandece o homem. Paga as contas no final do mês. Meia volta. Nada de dormir de rímel. A sombra demora muito a sair...

domingo, 19 de agosto de 2007

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sábado, 7 de julho de 2007

Comunicação Comunitária - Oficina de Leitura Crítica da Mídia

A oficina de Leitura crítica da mídia é um dos requisitos da Disciplina de Jornalismo Comunitário do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará - UFC. A oficina abaixo foi realizada na escola Antônio Sales, bairro Rodolpho Teófilo, pelos alunos Aurimar Monteiro e Carlos Adolfo e a aluna Isabelle Azevedo.

sábado, 19 de maio de 2007

O Quarteirão da Saúde

SERVIÇO de clínicas populares cresce em Fortaleza. Foto: Isabelle Azevedo

Por Aurimar Monteiro e Isabelle Azevedo

Pouco antes do sol nascer e encher Fortaleza de saúde, inúmeras pessoas começam a chegar à Rua Doutor João Moreira, no centro da cidade, em busca de atendimento médico barato. É ali, bem ao lado da Santa Casa, que está localizado o chamado "quarteirão da saúde", nome dado à meia dúzia de clínicas que funcionam a preços populares.

O serviço de consultas populares começou há seis anos, com a instalação da Clínica São Paulo, a maior e mais bem estruturada das clínicas. Depois, inúmeros outros consultórios médicos foram se estabelecendo no mesmo quarteirão, bem ao lado de uma grande variedade comercial como depósito de reciclagem, motéis, barbearia, pequenos bares e lojas de artesanato. A vizinhança parece conviver em harmonia. Mas, vez por outra, é possível ouvir as "meninas" que batem ponto próximo ao motel reclamar da pilha de gente que chega todos os dias aos estabelecimentos. "Esse pessoal das clínicas ficam (sic) tudo em cima da gente, aí na porta do motel, ficam tudo em cima das putas", reclama uma delas ao bicheiro de plantão, o "tio do Paratodos".

As clínicas funcionam em pequenos prédios onde as salas são divididas por paredes de madeira e cedidas a médicos autônomos pelo dono de cada consultório. O aparente improviso do ambiente não os desqualifica. O lugar é organizado e limpo. A única ressalva feita é ao calor insuportável que toma conta da recepção e é comum a todas elas. O apelo religioso é visível em cada estabelecimento médico. O paciente pode, por exemplo, procurar o "caminho da cura" junto a Santa Clara, pedir intercessão a Nossa Senhora das Graças ou simplesmente orar próximo aos inúmeros crucifixos expostos nas paredes das clínicas. Nem sempre é preciso agendar a consulta; caso ainda haja vagas para a especialidade desejada, basta chegar e pagar um valor que varia entre vinte e cinco e trinta reais, dependendo de cada lugar.

Os pacientes são oriundos dos mais diferentes bairros de Fortaleza. Há gente que vem do interior e até de outros estados. Muitos não chegam a procurar um posto de saúde. Outros procuram as clínicas populares insatisfeitos com o serviço público oferecido. "SUS é algo que colocaram na cabeça da gente", afirma Eli Ribeiro Domingues, paciente que pela segunda vez procura o serviço popular. Eli mora em Manaus onde, segundo ela, não existe médico. De férias em Fortaleza, ela aproveita o preço acessível para fazer exames com o marido. "No ano passado meu marido fez uma série de exames em uma clínica particular de Manaus e gastou R$ 1.200. Aqui, na clínica popular, ele gastou R$ 300", afirma comparando os preços com o atendimento privado.

SERVIÇO: Clínicas Populares. Rua Dr. João Moreira, próximo a Santa Casa. Preço: R$ 25 a R$ 30.


(Confira o texto na íntegra na segunda edição do Jornal Cidade em Pauta que deverá ser distrubido já na próxima semana)

Atendimento popular se espalha pelo Brasil

O sistema de clínicas populares avança como uma alternativa para a população de baixa renda que recusa esperar pelo atendimento do SUS e para a classe média sem condições de pagar as altas mensalidades propostas pelos planos de saúde.

O Ceará não foi o primeiro a oferecer o sistema popular. O estado de Pernambuco é pioneiro na abertura de consultórios populares. O serviço começou a ser oferecido em 1994 com a instalação da primeira clínica no bairro do Ibura, em Recife. Na época, o paciente pagava cinco reais pela consulta médica. A idéia deu tão certo que, em 2000, o modelo de consultas médicas populares já era comum em toda a região metropolitana.

Em Salvador, o modelo também faz parte de quem busca alternativa ao atendimento do SUS.Segundo o Jornal Tribuna da Bahia, nos últimos anos, as clínicas populares multiplicaram-se ao longo dos prédios da rua Chile e da avenida Sete de Setembro onde, outrora, estavam instaladas clinicas de médicos famosos que atendiam a classe nobre da sociedade baiana.

Para muitos especialistas, o modelo de clínicas populares é também uma alternativa para as clínicas médicas credenciadas pelo SUS que já não conseguiam se manter com os baixos valores repassados para o pagamento de médico e a compra de materiais necessários para a manutenção das clínicas.