quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Sobre a autocrítica do PT

Sempre que vejo alguém pedir para Lula ou o Partido dos Trabalhadores fazerem uma autocrítica do que foram os seus anos de governo, me vem a mente um processo muito ligado a noção de uma culpa cristã. Basta que ele confesse os pecados e estará perdoado dos erros cometidos no passado. Confessar é a chave para a redenção. É quase um ato penitencial: "Por minha culpa, minha culpa, Minha tão grande culpa", como diz a oração cristã.

Na prática, sabemos que não é bem assim. O ódio ao PT e a Lula já estão tão arraigado no imaginário "da esquerda que a direita adora", que seria difícil cogitar qualquer tipo de aliança política ou quer seja programática. Outros fatores, como a vaidade política, impedem este "sacrifício".  

A autocrítica aqui, é portanto, só mais uma forma de tentar condenar ainda mais Lula. Sabe? Aquela história de apontar o dedo para dizer: "nós avisamos", etc.  Não há espaço para uma construção real. A forma como essa esquerda se comporta, nos diz muito sobre isso. É capaz de nunca aceitarem essa crítica própria feita pelo PT, porque o que vale é o que pensam os "iluminados" e "puristas". 

A cantilena da autocrítica também me parece uma forma de aniquilar o Partido dos Trabalhadores. Na mente de alguns, o fim do PT abre espaço para a ascensão de outros partidos e, consequentemente, lugar para dirigir às massas.

A mobilização entorno de Lula, quer seja nas caravanas Brasil afora e no processo do julgamento do triplex, demonstra que essa turma é muito ingênua. Para quem acha que o PT estava morto, ele continua ainda mais vivo como um instrumento importante da classe trabalhadora.

A autocrítica pública para execração e deleite dos esquerdistas não virá agora. Embora, é verdade, ela está publicada nos documentos do partido dos congressos que aconteceram nesse período, nas teses das diversas correntes, nos manifestos. Pode não ser a crítica ideal e desejada, mas é a que tem.  

Em tempos de avanço neoliberal e do conservadorismo, me parece que a estratégia é muito mais apostar na construção de um programa e de uma tática que nos leve a uma restauração da esquerda, do que esperar uma crítica feita a si próprio possa vir a zerar o jogo e só assim começar a pensar em uma unidade. Minha aposta é que essa autocrítica se dará mais no processo de construção deste programa. 






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