domingo, 17 de maio de 2015

Entre transas.

Teus olhos fixam silenciosamente sobre mim. Fico insegura. Não sei o que querem dizer. Digo qualquer coisa para ver se você responde. E você apenas continua a me observar. Dá de ombros. Vejo que não quer responder. A insegurança aumenta e me despertar um turbilhão de ideias. Penso que você a qualquer momento vai pedir para terminar com aquilo. Nada mais de encontros ao fim do expediente. Afinal, você tem mulher e filhos e eu sou apenas diversão. 

Vejo você acender um cigarro e soprar a fumaça vagarosamente. São momentos de tensão. Pergunto se vamos pernoitar naquele quarto de motel. É tarde. O cansaço da sexta-feira toma conta do meu corpo. Você diz que prefere ir para casa. Não sabe que desculpa inventar para a esposa. Ela anda desconfiada. Melhor não vacilar por coisas pequenas. 

Começo a recolher minhas roupas e me pegunto se o que acontece entre nós são coisas pequenas. Aliás, me pergunto se existe um nós. Ele diz então que não devo esperar nada em troca. Que eu aceitei aquela situação desde o começo. Concordei com aquilo tudo.

Concordo com tudo. Não quero perdê-lo. Peço desculpas. Minto e digo que isso não se repetirá mais. Volto para a cama para abraça-lo. Ele me abraça de volta. Corre a mão pelo meu corpo, até chegar ao meu sexo. Diz que quer mais. Me sinto usada tal qual um objeto. Ele ignora meus sentimentos em busca do seu prazer. Transamos. Ele me penetra, mas não estou ali. Estou a pensar se aquilo ali vale a pena.

Meus pensamentos vão mais longe. Faço uma retrospectiva da minha vida. Quero saber quando deixei de me amar para amar aquele homem que está ali, me penetrando com força como se fosse a última trepada da sua vida. Ele goza. Levanta-se para ir ao banheiro. Não importa se eu gozei. Volta já vestido. Diz que daquela vez não tomaremos banho juntos. Já é madrugada e ele precisa ir para casa. Visto a minha roupa. saímos do motel. Cada um para sua casa, suas vidas, como se nada tivesse acontecido. 

Nenhum comentário: