domingo, 1 de março de 2009

Chuva de pensamentos

Ao invés do abraço de sempre, um oi apressado como se saisse forçado. O olhar, meio torto, enviesado, demonstrava todos os esforços para ser indiferente. Passou correndo como se o fim do mundo estivesse preste a acontecer com a chuva que caia.

Ela ficou ali parada de guarda-chuva na mão. Esperava que ele voltasse e lhe desse o abraço habitual e o sorriso mais lindo de todos voltasse a estampar o rosto que agora se tornara tarciturno. No fundo, estava sofrendo mais do que ela. Jamais admitiria isso. Preferia puni-la por conta de um punhado de coisas ditas no calor da discussão.

A chuva não o deixou ir muito longe. Parado embaixo de uma laje, ele continuava a fingir indiferença. Seus olhos não a procuravam como antigamente. A raiva estava instaurada . Cabeça dura! Não via que tudo aquilo era desnecessário? Que se quisessem poderiam ser felizes?

Ela caminhou na direção contrária. Desejou jamais tê-lo encontrado naquele instante e nem nunca. Só desejou. No fundo era sempre bom vê-lo. Sentia sua falta. Queria ficar nem que fosse um milésimo de segundo perto dele. Oh, Deus! Como podia pensar assim!

Um turbilhão de pensamentos invandiu-lhe a mente. Lembrança dos bons momentos. Ficava se perguntando onde fora parar todo o carinho que tinham um pelo outro.Lembrou-se da vez em que as mãos se tocaram pela primeira vez. Nossa! Poderia sentir o coração dele pulsando!Também era possível sentir o nervosismo. Os gestos rápidos de carícia demonstravam isto. Agora, era a dor quem tomava conta de si. E doía tão profundamente, porque a pior dor é a da perda de quem está vivo.

Olhou para trás mais uma vez. Ele já não estava mais ali. Sumira tal qual a chuva, que também havia desaparecido. Quem sabe se ela olhasse para frente ele não sumia de vez? Mas não era isso que ela queria...

Um comentário:

aL disse...

nossa, até eu senti o pulsar do coração, e o nervosismo!

muito bom..