sábado, 9 de fevereiro de 2008

Amor: palavra que não volta

Levou a mão a boca como se quisesse prender a frase que queria sair. Apesar de saber que aquilo não daria muito certo. A frase subia-lhe pela garganta com uma voracidade e rapidez incrível. Era como um vulcão prestes a explodir. Tentou segurá-la. Mas ela fora mais esperta. Aproveitou uma brecha entre os dedos e escapou. Então, o que se ouviu foi um sonoro “eu amo você”. Assim. Sem mais nem menos letras.

Tudo ficara em silêncio. Ele, atônito, não sabia se respondia ou se ignorava aquilo. Mas estranhamente optou pelo silêncio. Ela, também atônita, quis consertar a situação. Não sabia como. Preferiu emudecer também. E ficaram os dois ali. Sem se olharem. Apesar de sentirem que estavam se olhando com uma grande profundidade. A respiração dela tornou-se ofegante. Estava angustiada com o que acabara de dizer. Fora precipitada. Muito precipitada. Sabia disso. Mas não tinha mais jeito. Não podia fazer a palavra voltar. Se pudesse...

A respiração dele também se alterou. Não esperava por aquilo. Dizer um “eu amo você” assim. Daquele jeito? Não esperava mesmo. No fundo não sabia o que dizer. Tinha pena dela. Não sabia como dizer que aquele sentimento não era recíproco.

Não sabia quanto tempo estavam ali. Olhando um para o outro sem se verem. Parecia que havia passado dez minutos. Um século, talvez. Ou uma eternidade. Parece que tudo havia parado, esperando que a situação se definisse. O vento então parara de alisar os cabelos dela. A gota de água teimava em não descer. Parara de escorrer da garrafa com o “eu amo você”. Estava suspensa, como se estivesse com medo de cair e trazer consigo o caos.

Não sabiam precisar o tempo. Mas fora tempo suficiente para acabar com aquela noite. E com as próximas noites. Os próximos dias... Não tinham mais o que conversar. Nunca mais teriam. Ou talvez tivessem.

Ela pelo menos queria dizer o quanto o amava. Repetiria o “eu amo você” um milhão de vezes se preciso. Por mais que ele não acreditasse. Ela repetiria sim. Faria juras de amor e tudo quanto tivesse direito.

Tinha que se preocupar com o depois. Haveria um depois? Um depois como o de antigamente? Ora! Que mal haveria num “eu amo você”. Tanto mal assim?

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